quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Só lhe dão saudade

Nunca senti tanta vergonha de mim mesma. Vi-me no fundo do poço.
O espelho de banheiro refletindo o meu rosto, e o desgosto, o desgosto.

O que restou? Um gosto ruim na boca.

Uma tristeza. Beber pra esquecer, pra não ver quem também não quer mais me ver.
Um deletério pra esquecer outro deletério.
Que a embriaguez ocupe o lugar que antes era reservado para o amor. Já que hoje na mesa que sento, a cadeira ao meu lado está vaga. Não tenho com quem ficar de mãos dadas. Em minha mão só há um copo, o primeiro de vários que ainda estão por vir nessa noite que será longa.
No 8º copo já me sinto tonta. Já estou trocando nomes, estou cambaleando.
Hora de jogar tudo pra fora, depois sentar no chão e chorar, chorar. Choro por me encontrar mais uma vez nessa situação.
Decadente, deprimente, vergonhosa.
Ultimamente tem sido assim. Eu  sentindo vergonha de mim. Inutilmente tentando distrair a solidão.
 Não importa o que faço, continuo cada dia me sentindo mais só. É quando só lhe dão motivos pra sentir saudade de ter alguém aqui, do meu lado cuidando de mim. Alguém que não me deixe cair e nem me dê motivos pra que eu me jogue no chão.
Preciso de um sorriso que me faça sorrir. Um abraço que compense todo um dia chato. Alguém que não solte a minha mão. Uma boca mais viciante do que qualquer droga. Um beijo que substitua um copo. Quero encontrar um novo vício, um novo amor. Quero viver tudo de novo, só que dessa vez diferente. Eu quero sentir um novo gosto, admirar um novo rosto, suspirar um outro nome, e tê-lo cravado numa aliança.
Eu preciso mesmo é daquela tal embriaguez do amor que dizia Vinicius de Moraes. E não essa que estou vivendo. Minha decadência é essa carência, é a ausência de alguém que um dia já esteve ao meu lado. Mas a solidão eu sei é coisa que acaba, assim como toda embriaguez vira ressaca.