quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Só lhe dão saudade

Nunca senti tanta vergonha de mim mesma. Vi-me no fundo do poço.
O espelho de banheiro refletindo o meu rosto, e o desgosto, o desgosto.

O que restou? Um gosto ruim na boca.

Uma tristeza. Beber pra esquecer, pra não ver quem também não quer mais me ver.
Um deletério pra esquecer outro deletério.
Que a embriaguez ocupe o lugar que antes era reservado para o amor. Já que hoje na mesa que sento, a cadeira ao meu lado está vaga. Não tenho com quem ficar de mãos dadas. Em minha mão só há um copo, o primeiro de vários que ainda estão por vir nessa noite que será longa.
No 8º copo já me sinto tonta. Já estou trocando nomes, estou cambaleando.
Hora de jogar tudo pra fora, depois sentar no chão e chorar, chorar. Choro por me encontrar mais uma vez nessa situação.
Decadente, deprimente, vergonhosa.
Ultimamente tem sido assim. Eu  sentindo vergonha de mim. Inutilmente tentando distrair a solidão.
 Não importa o que faço, continuo cada dia me sentindo mais só. É quando só lhe dão motivos pra sentir saudade de ter alguém aqui, do meu lado cuidando de mim. Alguém que não me deixe cair e nem me dê motivos pra que eu me jogue no chão.
Preciso de um sorriso que me faça sorrir. Um abraço que compense todo um dia chato. Alguém que não solte a minha mão. Uma boca mais viciante do que qualquer droga. Um beijo que substitua um copo. Quero encontrar um novo vício, um novo amor. Quero viver tudo de novo, só que dessa vez diferente. Eu quero sentir um novo gosto, admirar um novo rosto, suspirar um outro nome, e tê-lo cravado numa aliança.
Eu preciso mesmo é daquela tal embriaguez do amor que dizia Vinicius de Moraes. E não essa que estou vivendo. Minha decadência é essa carência, é a ausência de alguém que um dia já esteve ao meu lado. Mas a solidão eu sei é coisa que acaba, assim como toda embriaguez vira ressaca.

domingo, 23 de outubro de 2011

A dona da casa abandonada

 Posso prever o futuro.Serei uma velha ranzinza.Por isso, escolho ficar sozinha.
Quero uma casa grande e vazia.E que a janela tenha vista para a rua principal.Quero beber meu conhaque e observar os tolos que por ali passam.Beber sempre me proporciona boas risadas.Observar os seres humanos insignificantes então, me embriaga. Não que eu seja mais importante que eles.Pelo contrário, eu sou um caso à parte.
Sou a dona da casa abandonada,aquela que as crianças dizem ser assombrada.
Depois de velha,virei assombração.Quando me descuido, acabo fazendo uma aparição.Meu rosto por de trás da cortina de renda que um vento forte balançou.Fico pensando se alguém da calçada olhou para cima e me flagrou.Precisarei ser mais cuidadosa, se eu quiser me manter assim, inexistente.Assim assombração fazendo breves aparições e sendo flagrada por um estranho qualquer que pela calçada passou.
As correspondências vão se acumulando na porta de entrada, devem ser cobranças. Nenhuma carta, não existem remetentes para que me mandem cartas.Desconfio que até o carteiro pensa, que não existe ninguém vivo nesta casa.
A campainha há tempos não toca, a não ser quando as crianças encapetadas apertam e saem correndo. Correm de medo. Como são burras, tem medo de fantasma. Seres sobrenaturais não podem fazer nada. Os humanos que andam em plena luz do dia, sim. Mas são crianças, ainda não entendem de nada. Um dia serão velhos, assim como eu, passarão a ver a vida de um jeito mais amargo.
Todos os jovens de hoje, um dia de alguma forma serão esquecidos. Se não pelos queridos, pela sociedade. As tatuagens perderam a vida no corpo que ficou velho e enrugado. Os pulmões de tão fracos, não aguentaram nem mais um trago de cigarro. Os amigos a maioria estarão enterrados. E o que restará será a saudade. Saudade de quando eramos todos jovens e a morte parecia algo distante de acontecer. Agora ela parece tão próxima, tão certeira, e ao mesmo tempo tão amiga.
E o que me deixou ranzinza não foi a velhice. Não foram as rugas no rosto que um dia foi belo e jovem. Não foi a saudade dos queridos que a amiga morte levou antes de mim. Não foi o tempo que passou.
A solidão foi algo que desde jovem eu planejei. E o meu humor que nunca foi dos melhores, continua do mesmo jeito. Continuo com a minha acidez. Ranzinza desde criancinha, sou assim. Sempre tive uma velha dentro de mim. E o instinto à ser assombração sempre esteve aqui. Por fim, decreto que no meu futuro serei sozinha.Saberei viver em paz em minha velhice.
 E tudo isso hoje eu posso prever, imaginar e dizer. Enquanto da calçada olho pra cima e flagro uma mulher de cabelos brancos me olhando da janela de uma casa, que até então eu pensava ser abandonada.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sobre o meu amor

Sou daquelas, que depois do fim diz que não foi amor.
Sou daquelas que enche a cara, vomita insultos, se despeitei toda, grita sem ter razão, chora de raiva, diz "eu te odeio" da boca pra fora e depois de sã, assume que estava errada.
Sou dessas orgulhosas que não corre atrás. Do tipo que não insiste nas pessoas, e quando elas se vão, pensa que o azar foi delas. Sou egocêntrica, egoísta e encho a boca pra falar isso.Um dia fui mais doce, hoje não sou.
Digo que não presto e no fundo eu realmente penso e acredito nisso. Mas me alegra quando aparece alguém discordando do que eu digo ser. Quando aparece alguém, me aceitando do jeito que sou. Alguém dizendo gostar dos meus defeitos. E quando não aparece alguém, me contento em ter ninguém.
Sou daquelas românticas nem sempre assumida, vestida pra matar, doida pra morrer de amor.
Sou do tipo de mulher que luta com unhas e dentes pela sua independência. Sou daquelas que nem pensa em casamento. Mas sonha em ter filhos. 2 meninos e uma menina.
Sou aquela fascinada por conhecimentos místicos. A que crê em Astrologia, Tarô e destino.
Sou uma colecionadora de vestidos de bolinhas. E de coisas de bolinhas. A que passa batom até pra ir à padaria.
Sou dessas movidas á cafeína. Uma falante compulsiva. Repetidora de assuntos.
Sou daquelas que não pensa pra falar, e diz o que pensa.
Sou do tipo que não tem tipo certo para se apaixonar. E generaliza dizendo que homens são todos iguais. Mesmo sabendo que não.
Sou dessas feministas que sempre dá razão pra mulher em questão.
Já fui chamada de má, de maluca, de tudo menos santa.
Sou dessas temperamentais, que aparenta ser doce, mas basta curvar as sobrancelhas para mostrar o quão ácido é o seu humor.
Poucos sabem me aceitar do jeito que sou.
Poucos souberam me dar amor ou algum valor. E nenhum deles me descreveria assim, como eu me descrevo. Nenhum deles escreveriam por mim, as palavras de amor que escrevo.
E se hoje eu sei dizer perfeitamente como sou, é porque aprendi a ser o meu próprio amor.
Eu sou, o meu grande amor.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Amar é enlouquecer

Senti tudo que há pra sentir.
Sorri, chorei, gritei, amei, amei, amei.Descobri que amar é enlouquecer. Enlouqueci.
E esse amor enclausurado no meu peito, quase matei.

Dei-me todas as bebidas dessa mesa, disse a moça já embriagada.
"Quero matar esse amor. Quero mata-lo"
Percebendo sua decadência, chorou, chorou tudo que bebeu.
Provou o gosto das lágrimas que caim em sua face, como se fossem o veneno para matar o tal malfeitor.
É fácil colocar toda a culpa no amor...
Alguém lhe pergunta " Quer um cigarro? "
E fora do seu estado normal, responde o mesmo que teria vontade de dizer se estivesse sóbria, porém não diria
" Não quero essa droga de cigarro. Pois foi esse o gosto que senti nos lábios dele, no último beijo... último beijo.
Ao dizer isso se acabou em lágrimas e distorcendo as palavras criticou todos os fumantes ali presentes.Como se cada um que mesmo sem querer fizesse lembrar ele, tivesse culpa de algo.
É fácil culpar as pessoas...
E diante de todo esse circo trágico formado, onde se encontra o amor ?
O amor continuava ali, sentado, olhando, quieto bebendo sua cerveja sem incomodar ninguém.Fingia não ver, mas sabia que aquilo tudo era por ele. Não, a culpa não é dele. A culpada é ela que faz tudo por ele.
Das demonstrações mais singelas até as mais deploráveis. Os erros cometidos são por ele. Os acertos, nem sempre. Ela faz tudo errado por ele. É louca ! Afinal, ama. E todos que amam possessivamente, excessivamente, loucamente sempre sofre as consequências.

E toda essa loucura misturada com embriaguez e coisas bestas de mulher. Fez com que o amor se afastasse.
E no dia seguinte o que incomodava não era nem a ressaca, e sim olhar pro lado e ver que ele não estava. E nunca mais estará enquanto tão louca ela continuar.
Difícil mesmo é deixar de enlouquecer... e pra isso primeiro é preciso o esquecer.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Minhas lágrimas secam, sua ressaca passa .

Na mão um copo cheio, no peito um coração vazio.
É isso que penso de ti. É nisso que quero acreditar.
Você ingere álcool, eu bebo lágrimas.
O que nos uniam se desfez assim como a sua embriaguez virou ressaca.
Os opostos sempre se separam.
Deixo a solidão ocupar o seu lugar.Hoje você é um personagem que eu inventei, criei, e emoldurei, colocando assim na minha coleção de fracassos amorosos.
Disfarço com ódio o amor.
Essa é minha maneira de me defender. Não de você, e sim do que sinto.
Me recuso a curar esse amor, com outro amor.
Prefiro partir pra ignorância, prefiro ser chamada de louca, do que tentar te esquecer amando outra pessoa.
Como se fosse possível. Nada do que tento é possível. Nem mesmo te odiar.
Finjo não querer saber da sua vida. Quando te vejo, viro a esquina, mudo de caminho.
Alguém fala o seu nome, faço pouco causo.
Curvo as sobrancelhas, te insulto sem precisar proferir uma palavra.
Tem dias que quero que você morra, tem dias que morro por você.
No silêncio do meu quarto, eu morro.
Enquanto você deve estar por aí num boteco qualquer bebendo com os amigos.
É aí que eu quero que você morra.
Tento te expulsar de mim, como quem expulsa um demônio.
Mas esqueço que demônios não existem. Mais uma tentativa frustrada. Você ainda continua aqui.
Mesmo eu não querendo, é uma parte de mim. Parte que faço de tudo pra ignorar, mas que grita dentro de mim. Me corrói, me destrói, vence meu orgulho besta e me foge um sorriso ao te ver.
Mas continuo assim... fingindo não sentir, fingindo não estar nem aí, fingindo não te ver enquanto você se embriaga.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Você passou por mim

Hoje em uma de suas mãos você usa uma aliança. Enquanto eu coleciono anéis baratos comprados numa banca de camelô qualquer.
Você planeja aumentar a sua empresa. Enquanto eu, procuro alguém que me empreste dinheiro.
Um de seus carros está na oficina para uma revisão. E eu esperando um ônibus que está meia hora atrasado.
Hoje nos esbarramos naquela rua movimentada da cidade.Você estava de terno e gravata carregando uma maleta de empresário. E eu com uma mochila velha nas costas e salto quebrado.
Quando nossos ombros sem querer se encostaram, nossos olhos se encontraram.
Te reconheci pelos olhos.Anos e anos se passaram e os teus olhos continuam os mesmos olhos azuis esverdeados.Só que dessa vez, neles não havia brilho.
Foi rápido demais, intenso demais.Foi apenas um olhar, um reconhecimento calado.
Naquele momento em minha mente houve um flash-back de recordações.
Mergulhei nos teus olhos e me afoguei em lembranças.
Pude ver nos dois quando criança. Andávamos de mãos dadas pelo parque, você dizia “Eu vou te amar pra sempre” e eu inocente e apaixonada perguntava “Até quando nos ficarmos velhinhos ?” e você “Sim, até quando ficarmos velhinhos ... até para sempre.”
Foi preciso o tempo passar, para me mostrar que as tuas promessas eram de brincadeira.Uma brincadeira que eu não soube brincar.Naquele tempo eu já sabia amar como gente grande, coitada de mim por ter sido assim.Quando você foi embora, eu sofri.Chorei com lágrimas de mulher, apesar de ainda ser uma criança.Talvez seja por isso, que até hoje não me esqueço.Quando eu dizia que te amava, eu não estava brincando.
E agora, não sei porquê o destino nos colocou numa mesma calçada.Mas o seu olhar foi vago, eu era uma desconhecida.Hoje o meu rosto pra você não tinha um nome.Mas um dia, me chamou de amor.Meu primeiro amor.

Enquanto você entrava no seu carro. Eu continuei andando e olhando pra trás, olhando pra você, olhando para o passado, ambos não voltam mais.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Minha tempestade particular

Hoje eu decidi abrir a janela em meio à essa tempestade .
Que as nuvens angustiadas derramem suas lágrimas sobre mim.
Que o vento violento em seu surto de revolta, entre devastando tudo ao meu redor.Quero que esse céu negro se hospede aqui no meu quarto.Eu mereço essa tempestade, mais do que ninguém.Hoje eu mereço uma tempestade.Raios, trovões, relâmpagos venham me visitar .

Só por hoje, não me contento em ver o vento ameaçando derrubar as árvores.Os pingos de chuva formando possas no asfalto.Assistir não é o bastante, eu quero viver.Eu quero algo mais intimo e particular, eu quero dizer “A chuva veio me visitar”.

Destrua o que puder, faça a sua bagunça .Entre amiga, eu lhe compreendo.Eu também estou assim, querendo desabafar.Então derrame suas lágrimas, grite, faça sua birra de menina revoltada.Mostre toda a sua fúria e vá embora apenas quando se acalmar.Afinal o sol sempre volta, não é mesmo?

E quando ele chegar, dê pra ele um arco-íris.Ouvi dizer que a ordem é essa.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

E ele veio trazendo para a minha vida uma nova cor...


E o que antecedeu o beijo, foi a palavra "vermelho".Sua cor favorita sendo pronunciada no meu sotaque.
Ele falou - Repete "vermelho"
Eu - Veremelho.
E num ato espontâneo, me beijou. E não se ouviu mais nenhum som, além do barulho ritmado dos nossos beijos.
Se eu pudesse ler o que se passa em sua mente, enquanto os teus lábios me beijavam.
E se ele pudesse ler os meus pensamentos, me pediria em casamento no mesmo momento.
Me abraça, eu esperei por isso a noite inteira, me abraça e me beija.
Ele sussurrou no meu ouvido Colombina.E eu pude reconhecer, sim eu estava diante do verdadeiro Pierrot.
E é por você Pierrot que eu abro mão da minha solidão. Agora estou em tuas mãos.Te dou a mão, vamos andar de mãos dadas pelas ruas dessa cidade. Antes mesmo que você me peça, eu digo " Sim " te dou minha mão,vamos nos casar na praia ou em qualquer outro lugar. Sim, eu aceito.Me leve com você, me diga qualquer clichê.Me faça sorrir, me deixe vermelha, me peça todos os dias para repetir vermelho.Me beije.
Nem toda Colombina precisa de um Arlequim.Vamos dar uma nova versão para essa história.Escreveremos uma nova história, e essa será feliz, será só nossa.
Hoje eu não busco mais inspiração em histórias das quais não faço parte.Nada mais é ficção.Nada mais é por acaso.Você faz parte da minha realidade, a mais doce e embriagante realidade.Posso fechar os meus olhos e te enxergar,recordar, senti-lo. Ao morder os lábios na tentativa de ainda encontrar algum vestígio dos teus beijos.Quem sabe sentir novamente o teu gosto. Agora temos algo pra recordar.Eu tenho uma razão pra ficar ansiosa esperando o amanhã.Vamos fazer qualquer coisa juntos, as mesmas coisas talvez.Ver um filme, assistir um dvd do Arnaldo Antunes. Nem que seja pra falarmos de como está o tempo, nem que seja apenas pra olharmos nos olhos.Vamos de novo ficar nos olhando, e dizer que isso é muito estranho.
 É estranho né ? - Mas é tão bom !


E da janela do ônibus ele acenou me mandando um beijo.E eu sorri como nunca havia sorrido antes.Agora enquanto existir a cor Vermelha, eu pensarei nele.Agora tudo que eu escrever sorrindo,escrevo pra ele.
E tudo isso Pierrot, é só pra lhe dizer - Veremelho

domingo, 7 de agosto de 2011

A dança, um par, três sorrisos sacanas.

A lua no céu nos dava um sorriso sacana.
Enquanto andávamos de mãos dadas à procura de um lugar escuro, seguro.
Para dançarmos tango ou outra dança que sabemos a coreografia de cor e salteado.
Tudo menos sapateado.Quero o seu corpo junto ao meu, senão não danço.
Quero seu corpo junto ao meu na cama, senão não durmo.
Então antes que o sol apareça e o sono cubra os nossos olhos.Me tire pra dançar.
Vamos dançar até nossos corpos implorarem por descanso.
E quando isso acontecer, quero descansar nos teus braços.
Quero minhas pernas cansadas entrelaçadas com as tuas.
Quero me despedir da lua e dar bom dia para o sol, tendo você como par.
Então amor antes de tudo, vamos dançar.
Antes de tudo, me ame.
Que só assim eu lhe concedo essa dança, uma transa, um romance.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Naquela noite houve lágrimas, chuva e o som do telefone tocando

Eu estava tentando ler um livro, não consegui me concentrar.Meus olhos não fixavam nas palavras e o barulho da chuva ganhava a minha atenção.
Não,isso que eu acabei de contar não é a verdade.Minto pra mim e falo para os outros.
A verdade é que,eu não consigo parar de pensar nele.E dessa vez não penso com um sorriso bobo nos lábios.E sim com tristeza transbordando dos meus olhos.Tento conter as lágrimas enxugando-as.Mas uma voz interna diz
" Chore,não precisa ter vergonha.Ninguém está te vendo.Ele não pode ver tuas lágrimas nesse momento.Chore deixe essa dor sair de dentro de você e percorrer sua face ".
Eu, então choro.
Lágrimas escorriam dos meus olhos enquanto eles olhavam mais uma vez para o telefone que não toca.
Ele não vai ligar.Não vai voltar.E não me fará parar de chorar.
Vou ter que me acostumar em gritar o teu nome, e como resposta ouvir apenas o eco da minha voz em meio essa solidão.
Tento escrever pra ver se consigo me perder entre as palavras e esquecer dessa dor que me invade.Tentativa essa fracassada, pois derramei lágrimas em cima das palavras.É isso que restou do nosso amor.A sua indiferença.O meu sofrimento.E essas palavras manchadas de lágrimas.
Me sinto tola sendo tão piegas.Mas pensando bem, sempre fui assim.Sempre amei e sofri com a mesma intensidade.Exagerada.
Passando para o feminino as palavras do eterno Cazuza " Exagerada jogada ao seus pés eu sou mesmo exagerada ".
Mas o amor é assim mesmo.Tem que acabar do mesmo jeito que começou.Rasgando o peito, te fazendo tremer, abalando sua lucidez.
Nesse negócio chamado amor, somo todos "amadores". Quem se diz profissional com certeza não sabe o que está dizendo.


Sem que eu perceba, paro de chorar.Talvez tenha acabado com o meu estoque de lágrimas.Ou então é minha sanidade voltando.É o telefone tocando.E a esperança de ser ele.É a vontade de ouvir novamente a sua voz dizendo que me ama, que sente saudades.Pouco me importa que peça perdão.Eu já o perdoei no momento em que me trai.
Mas aquela tal voz interna novamente se manisfesta dessa vez gritando 
" Não,não atenda a droga do telefone ! "
E eu fico indecisa.
A quem obedeço, a voz da razão ou o escândalo que faz meu coração ?
Uma delas vence.Não atendo o telefone.Fui tomada pelo orgulho mais uma vez.
Mas penso, será que ele sabe que eu não sinto orgulho de mim mesma, por ser assim sempre tão orgulhosa ?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Bastidores de uma colecionadora de fracassos

Entre jóias,flores e uma garrafa de vodca, 
ela prefere seus próprios deletérios.
Entre as cores,os amores, ela prefere a escuridão.
Toma suas dores bebendo suas lágrimas frigidas,
fumando maços e maços de cigarro 
até a alma ficar cinza,como a vista que se vê da sua janela.
Na sua parede não possui quadros,em sua estante não há nenhum porta-retrato.Não tem guardada nenhuma medalha nem troféu nem carta de namorado.
Nunca colecionou nada, há não ser fracassos.
Se conforma, se acomoda, se acostuma cada vez mais com o seu titulo conquistado "Colecionadora de fracassos"
Conversa com o espelho enquanto se máquia.Não vai a lugar algum, mesmo assim gosta de manter o rosto pintado.A maquilagem é sua máscara,a casa é o seu palco e a solidão sua peça de teatro ensaiada,encenada e sem aplausos.
Ostenta manias rotineiras e banais como todo ser humano.É louca ao pensar que é tão normal quanto os outros insanos que vê na televisão.Liga pra fulano dizendo que foi engano.Engano dele se pensar que é verdade.Ligou porque sentiu saudades.Não dele,e sim de ouvir uma outra voz que não seja a da sua consciência.Essa sim pesa,grita até ficar rouca, até enlouquece-la fazendo com que ela pegue o telefone e faça um interurbano para conversar com um conhecido meio estranho que não vê há tempos.Ele se lembra dela e em seguida desliga o telefone.
De imediato se sente um pouco rejeitada,mas logo se mostra já acostumada.É só mais um fracasso entre outros para a sua coleção.
Mas nem tudo é lágrima, ainda resta alguns cigarros à espera de um trago.Uma janela aberta para observar o caos da cidade e as pessoas andando pelas calçadas carregando nas costas uma porção de fracassos.Ela não é a unica colecionadora de fracassos.E acredita que um dia à de vir uma conquista para essa artista de rosto pintado,que faz do seu cotidiano um espetáculo tão particular que não necessita de aplausos.A verdadeira arte está por de trás das cortinas fechadas.

domingo, 31 de julho de 2011

Apologia do Amor

Dentre as teorias dadas para o Amor, a que no meu ver é a mais verídica é que O amor é uma droga.
Antes eu ficava em duvida entre a "O amor é uma doença". Mas parando pra analisar o amor é uma droga que deixa o nosso coração dependente.E no meu laudo clinico isso pode ser considerado uma doença.O que causou a doença, foi a droga Amor.Que você consumiu excessivamente.
Entendam como quiser, o amor é mesmo uma droga.
Pode ser tanto um vício nada prejudicial, como também um deletério.
Os viciados em Amor estão por todos os lados.Amando compulsivamente.


Um dia me perguntaram se eu sabia de uma droga pior que cocaína.E eu respondi 
"Pior que cocaína só mesmo amor não correspondido".
É claro que existe diversas drogas com efeito mais devastador do que a cocaína,mas naquele momento essa foi a primeira teoria que veio à minha cabeça.A ideia ainda estava fresca não pude deixa-la escapar.Amor não correspondido ou ilusão como preferir chamar, é uma droga das mais perigosas.Essa eu aconselho  ninguém experimentar.Já quando o amor é reciproco eu digo "Amem,amem sem moderação,consuma até o coração não aguentar mais".Nunca ouvi falar de alguém que morreu de amor.Você já ? O amor não mata.O amor é o que nos mantei vivo.Para viver é preciso muito amor.Amor na vida.Amor nas pessoas.Amor em si próprio.
Vivo influenciando as pessoas a amarem.Faço apologia à essa droga.E não tenho dúvidas que se no mundo existisse apenas essa droga que aqui tanto exalto,ah o mundo seria muito melhor se nele a unica droga fosse o Amor.Que bom se o Amor fosse a unica doença capaz de se contrair.Todos os corações dependentes felizes ao consumir cada vez mais amor.
Podem achar babaquice,ou então me chamarem de louca que não tem mais o que falar.
Se você acha que tudo isso é baboseira é sinal de que você mais do que ninguém precisa de um pouco Amor.
Pois aqui quem fala é alguém que vive amando, sendo amada, e feliz com essa tonteira que o amor em excesso causa.
Então enlouqueça um pouquinho,abra o seu coração e diga sim ao amor.

sábado, 23 de julho de 2011

Já que se atreveu aparecer, então permaneça ao meu lado e não ouse me deixar

Sempre tem aquela pessoa atrevida que aparece em nossa vida com a missão de interromper nossa solidão. Ela chega fazendo o seu coração dançar, quando ele pretendia descansar. Você pensa que tirou férias remuneradas da paixão. Então,ela surge sabe-se lá de onde e toma posse dos seus sentimentos, suspiros, e batimentos cardíacos. De repente você percebe que está perdidamente apaixonado, mais uma vez.“Mas, como isso foi acontecer? Oh não,de novo não!. Essa é uma das intenções dessa intrusa, ela veio pra te pegar de susto. Em um momento súbito te pegar de jeito. E é a partir daí que você sente que teu coração não lhe pertence mais, agora ele está sob nova direção.
Tem aquela que aparece do nada. É um novo rosto, um novo sorriso, um novo gosto, um novo perfume. Literalmente, um novo amor.
Quem é você?
O que te trouxe até minha vida?
Por que fico tão feliz com a tua presença, sendo que mau lhe conheço?
Também tem aquela, que você até já conhece. Mas por alguma fatalidade inesperada, você passa a vê-la de uma outra maneira. Ou em alguns casos ela é quem se manifesta com uma mudança repentina de olhar.
Você esteve o tempo todo aqui,por que só agora fui te perceber?
Quando é mesmo que deixamos de ser só amigos?
Quem diria, nós dois?
São inúmeras formas de abordagem. Cada uma com o seu jeitinho, umas melhores do que as anteriores, outras nem tanto. Mas todas aparecem com o mesmo objetivo "Interromper sua solidão". No começo você pode até nega-la. Bater a porta do seu coração na cara dela. Dizer “Hoje não, obrigado". Ou então “Volte mais tarde!”
Mas de nada adianta. Pois ela apareceu e não foi por acaso. E essa tua rejeição a princípio, só prova que ela está conseguindo o que quer. Quer te tirar do sério, fazer com que você perca totalmente a cabeça e passe a sobreviver apenas com o coração. Não adianta tentar ser um egoísta de si mesmo, isso você não conseguirá levar adiante por muito tempo.
Essas paixões intrusas vem em forma humana e te encanta, mesmo contra sua vontade.Você não tem o poder de as impedir. E essas coisas não tem nada a ver com vontade. O amor é uma consequência da vida. Enquanto você estiver respirando, estará arriscado à se apaixonar. E quando isso acontecer, aquela pessoa que no começo você considerava uma intrusa, uma  atrevida, vai passar a ser a razão seu mundo. E você pedirá à Deus por favor, que não deixe ela sair da sua vida nunca mais. Não enquanto ela te fazer sorrir.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Se for se aventurar , leve apenas as malas e deixe o coração em casa

Quando tudo em mim estava quieto.Quando a ausência dele deixou de ser algo perturbador.
E eu saia de casa com a certeza de não o encontrar pelas ruas dessa cidade.E aquela ansiedade de ouvir o telefone tocando,a campainha chamando,pra quem saber ser ele, já não existia mais.Quando tudo deixou de ser pranto,a mágoa havia passado e aquela esperança tola se desvaneceu.E o rosto dele já não era algo que os meus olhos sentiam falta de ver.Quando eu havia me conformado e pensado " Não ele não ira voltar, e mesmo que volte não será para os meus braços".
Quando eu mantive fixa a ideia de não ser mais uma aventura de um Sagitariano.
Meus dias estavam calmos, e eu gostando dessa monotonia.Dessa solidão gostosa de viver após uma dolorosa decepção.Quando eu estava contente comigo mesma.Sem sofrer, sem amar, apenas respirando e suspirando para as coisas bonitas da vida.
Então ele volta...
Como uma tarde calorenta de verão que de repente dá lugar à uma tempestade.Como uma estação de rádio tocando bossa nova e em seguida rock'n roll.Como um absurdo desnecessário.Ele voltou...
Me pegou pelo braço, me roubou um abraço e sorrindo me disse "Quanto tempo !"
E eu perplexa continuei calada e sem me mover, enquanto sinto os teus braços me envolvendo,enquanto sinto o teu cheiro.Como é bom senti-lo novamente...meu Deus como é bom revê-lo.Sentir novamente esses lábios que já me fizeram tão feliz.Lábios dos quais eu tanto senti falta, agora beijando a minha face.
Como pude pensar que seria capaz de viver sem ele ? Sem esse abraço,sem esses lábios,sem essa voz pronunciando o meu nome .Como pude cometer tamanha insensatez ?
Foi então que eu percebi.Que o amor que eu sentia,nunca havia morrido.Em nenhum momento eu o esqueci.Esse amor estava apenas adormecido dentro do meu peito.Há espera de alguém para desperta-lo desse sono profundo que se encontrava enquanto ele esteve ausente.E foi só ele voltar, para que tudo voltasse.O sentimento que pensei já ter dado óbito se mostra mais vivo do que nunca.Volta renovado, mais forte graças à saudade que eu tanto negava sentir.
E ele ainda me pergunta " Sentiu minha falta ? "
E eu penso " Não, como posso sentir falta do que não sai de mim.O que senti, foi você todos os dias, mesmo sem querer sentir.Mesmo como algo subentendido.Eu nunca deixei de sentir."
Mas os meus lábios prefere ocultar a sinceridade do pensamento.A resposta foi um sorriso discreto e um simples "Sim".Então ele empolgado me conta como foi de viajem e as coisas interessantes que conheceu longe daqui.
E eu só penso e já sofro antecipadamente a hora que ele resolver me deixar mais uma vez pra ir em busca de novas aventuras.Mas no fundo uma esperança estupida me faz crer que pode sim, existir um sagitariano que leva como bagagem apenas as malas e deixa o coração em casa.Pois a sensação que sinto em revê-lo vai muito além do que a vontade de esquece-lo.Eu ainda o amo.Ele estando aqui, ou em qualquer outro lugar.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Enquanto houver música, haverá o nosso amor...

Eu sempre quis ter um poeta. Eu sempre quis ser um poema.
Certo dia estava eu num balcão de botequim. Quando um homem atraente se sentou ao meu lado, e me ofereceu um drinque. Eu com um copo de uísque na mão, recusei. Continuei indiferente, enquanto ele puxava assunto. Por incrível que pareça, o conquistador de botequim nem se quer perguntou o meu nome. Ele estava mais interessado em falar sobre si mesmo. Se gabava dizendo que era músico e que tinha uma banda muito boa; como se isso fosse me impressionar. Aliás nada naquela noite seria capaz de arrancar dos meus lábios um sorriso. Que dirá então, um beijo!
Enquanto ele falava, eu percebia suas características típicas de um nativo de Leão. Tive certeza que se tratava de um leonino.
Não posso negar que ele tinha charme, mas não demostrei nenhum interesse. Só desprezo e uma cara de quem teve um dia ruim. O que não era nenhuma mentira. O dia havia sido ruim o bastante, para eu estar ali bebendo.
Ele pediu  meu telefone. E eu pedi a conta. Me levantei do banco e fui embora, deixando pra ele um nada simpático "tchau". Ao me afastar me senti tentada a olhar pra trás para ver se os teus olhos me acompanhavam até a porta. Mas logo pensei "Melhor não. Definitivamente, hoje não é o dia!" Fui embora sem olhar pra trás. O dia não tinha sido dos melhores. Eu só queria voltar pra casa antes que algo piorasse. Ou pior ainda, antes que eu me apaixonasse.
Uma semana depois. A campainha do meu apartamento toca.
Era um entregador com um buquê de rosas. Dei uma gorjeta ao rapaz e perguntei quem seria o remetente daquelas rosas. Ele não sabia. O buquê era lindo e singelo. Procurei por um bilhete, e encontrei algo inusitado. Um pen-drive lilás entre as rosas vermelhas.
Achei curioso e não pensei duas vezes em verificar o conteúdo do tal pen-drive.
Se tratava de algo que nem nos meus sonhos mais loucos eu imaginaria. Era um vídeo, e nele um cara bonito e tatuado, tocava violão e cantava uma música sobre uma mulher que conheceu num balcão de botequim. E o que mais me chamou atenção, foi o recado que acompanhava a ultima nota da canção.
"Estou lhe esperando no mesmo lugar...estou lhe esperando..."
Agora eu tinha um músico, agora eu virei música.


E a continuação dessa história, não vejo necessidade de contar. Só digo que é feliz. A felicidade é mesmo uma coisa muito obvia quando se existir amor. Só lhes digo que enquanto eu escrevo essas palavras, ele está tocando violão e cantando na sala. E é aplaudido por um fã que faz o seguinte pedido
  


- Papai, toca aquela música que você fez pra mamãe !

terça-feira, 19 de julho de 2011

Aquele que eu chamo de Amor

Princesinha, vamos pedir uma cerveja ?
- Sim amor, pode ser...


Numa lanchonete qualquer, cerveja e uma porção de batata frita.Eu perdida em pensamentos,e ele do mesmo jeito de sempre.Adorável.
Tirei aquela noite para contemplar o meu amor.
Enquanto ele me contava alguma novidade,eu o observava atenciosamente e ao mesmo tempo não escutava nada que ele estava falando.Reparei na sua barba mal feita.Como odeio barba.Mas como eu amo esse menino que não faz a barba.Não me deu aliança, flores, nem um ovo de páscoa em formato de coração.Como foi  mesmo que esse cara me conquistou?
Ele me conquistou tão por acaso, que até parecia que eu estava vulnerável.E de certo estava, a solidão nos deixa imerso ás ilusões e também a grandes paixões.Sim, eu estava à sua espera.
Ainda lembro do nosso primeiro beijo , aquele que pensei que não iria acontecer .Foi perfeito, entre outros clichês que qualquer apaixonada diria ao descrever um beijo.De uma forma particular,digo que nosso beijo foi vermelho.
E o amor, quando isso se tornou amor ?
Não me lembro ao certo, só sei que quando me dei conta, ele estava aqui ,eu estava amando.Poderia dizer que percebi que era amor, quando chorei.Porque o amor tem mesmo dessas coisas,também faz chorar.Mas sou tão piegas que chorar não é nada.Posso chorar agora se quiser, são só lagrimas.
Na primeira briga,terminamos o que mal havíamos começado.
- Você está muito chata ! 
- E você um babaca ! 
Então o cravo saiu ferido e a rosa despedaçada...
Ele tentou uma amizade. E eu como sempre tola e orgulhosa preferi sentir raiva.O insultei,falei mal dele pelos cantos.Aluguei ouvidos de amigos pra desabafar.Bebi e vomitei seu nome pelos botecos da cidade.E no fim me afogava em lágrimas sozinha em meu quarto.E ele como se possuísse poder telepático, me ligava todas as noites querendo saber como eu estava.E eu mentia estar ótima enquanto disfarçava o choro ficando furiosa " qual é a desse babaca ? " .Numa noite pedi pra que não me ligasse mais.Tentei uma fuga .Vesti meu orgulho, subi no salto e o ignorei.Segui em frente mesmo tropeçando nas lembranças boas que o ex-amor deixou.Não demorou muito ele me procurou, de cabeça baixa, ensaiando as palavras.Sentiu saudades.Me pediu um abraço, um beijo, me pediu pra voltar.E eu mandei minha raiva embora, e voltei  para aqueles braços donos dos melhores abraços.E claro que depois houve outras brigas, mas nada considerável grave.Afinal  a gente se ama.Qualquer coisa é só colocar a culpa no amor que sentimos um pelo outro.Que tudo se resolve, a gente acaba perdoando.
Hoje estamos felizes.Ele me chama de princesa e ainda me concede beijos vermelhos.Tolera (ou pelo menos,tenta!) meus ataques de ciumes, minhas paranoias, minha tpm.Continua me ligando todas as madrugadas e repete várias vezes que me ama.E agora eu não o chamo mais de babaca, e tento ao máximo controlar meu instinto á ser neurótica e chata.E se tem algo que eu me pergunto é 'Como é possível amar tanto assim um homem ?"
O amor é engraçado, o amor é irônico, o amor é um sacana.
As vezes falamos do amor, como se ele fosse uma pessoa.Pois ele é.
Não é por acaso que a palavra  " Amor "  está no masculino.O Amor é menino.E eu tenho o meu.
Pra mim, o amor tem a barba mal feita,os cabelos cacheados, e um jeito de sorrir que me encanta.
Amor é o codinome, que dei para aquele menino que me faz feliz.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Para sempre. Até quando?

Anos atrás, exatamente num dia como este...
Prometemos o impossível. Estávamos tão embriagados de amor que perdemos a razão e prometemos ficarmos juntos para sempre. E por um curto tempo, chegamos a acreditar que isso seria possível. Era bom acreditar. Era bom ser criança. Quando ingênuos sempre nos eram contadas histórias que terminavam da mesma maneira. Com a mesma frase "e eles foram felizes para sempre..." A ilusão lhe é apresentada desde cedo. É preciso crescer para aprender que " felizes para sempre" é algo que não existe na vida real.
Mas quando estamos apaixonados, muitas vezes retardamos a razão. Em alguns casos perdemos ela por completo. Conosco foi assim. No auge da paixão acreditamos e prometemos ficarmos juntos para sempre. Não ficamos. Não estamos juntos. Descumprimos o prometido.
A nova realidade é que "nós", não existe mais. Só restaram nós na garganta ao pronunciar o teu nome. E ao dizer que não... não ... não estamos juntos mais.
Poderíamos até culpar o tempo, ou a falta dele. Mas nessa história os únicos culpados somos nós mesmo. Nos deixamos escapar. Os nós que nos uniam foram desfeitos, deixamos de nos abraçar.
Mas as palavras prevaleciam, mesmo sem sentido. Acostumamos a dizer "eu te amo"  Sem nem si quer saber o porquê. Dizíamos. Mas por que mesmo?
Será que isso era o que realmente sentíamos? Questão esta, que antes nunca paramos pra pensar. Mas depois do ponto final, surgiram pontos de interrogações sobre nossa relação. Nossa antiga relação. Cujo titulo se introduz agora"Passado".
E para as minhas duvidas, sozinha encontrei respostas.
Sei que um dia fez sentido. Um dia foi sincero. Um dia existiu amor. Depois começamos a mentir. Sem saber mentíamos diariamente, como um cumprimento dizíamos a mesma mentira bonita.
- Eu te amo.
-Eu também te amo.
Á quem queríamos enganar!? A nós mesmos, é claro. Pessoas acomodadas se acostumam com tudo. E nessa altura, estávamos acostumados a conviver um com o outro. Juntos para sempre. Não foi isso que prometemos?
Para sempre, para sempre, promessa tola e insana!
Para sempre, não existe !
Pelo menos isso nós dois aprendemos juntos.
Essa frase foi criada apenas para complementar a falta de criatividade dos finais de contos de fada.
Mas um romântico lunático passou a usá-la pra compor promessas. E daí por diante virou moda.Todos adquiriram o mesmo costume. Todos algum dia prometeu à alguém ou a si mesmo de que algo seria para sempre. E tem gente que ainda acredita nisso.
Sendo que nem si quer nós mesmos, somos para sempre.
Promessas como esta, não passam de palavras. Palavras que não são mágicas, não são bragas, não são nada, são só palavras.

domingo, 17 de julho de 2011

O reino encantado da solidão

No seu mundo particular, ela pintava e bordava as nuancias da vida.Tudo era tão seu. Aquele mundo pertencia a ela e a mais ninguém. Era feliz. Pois só conhecia aquilo que vivia. Era sozinha e não se dava conta. Porque pra ela, não existia mais ninguém. E você deve estar pensando "como pode alguém viver bem em um mundo tão vazio?" O mundo dela não era vazio. Era cheio de paz, não existia maldade e nenhuma tristeza.Tudo era belo e único. Passava o seu tempo, desenhando seus sonhos, cantando suas músicas, dançando com o vento ao rodar seu vestido florido, iguais as flores que possuia em seu jardim, cuja beleza fazia brilhar os olhos. Gostava do céu e as suas oscilações de cores. Das estrelas e suas diversidades de tamanho. Do brilho sutil e inofensivo da lua e da rebeldia do sol numa tarde de calor. O nome dela? Nossa personagem não tem nome. Nunca precisou de um, não havia ninguém para chama-la. Até que um dia quando estava sorrindo distraída, escutou uma música. Se assustou, pois aquela voz não era dela. Chegou a pensar que estava enlouquecendo, ao ouvir aquele canto que não era seu. Passou a procurar pela música, aquela voz. Então ela o viu. Estava do outro lado, em um mundo paralelo ao dela. Foi assim que ela descobriu que não era unica. Existia alguém bem próximo dali. Ela o desejou, teve sensações que jamais havia sentido antes. De repente o mundo que ela tanto adorava, já não tinha mais graça. Pareceu insosso. Até seus sonhos mudaram e seus desenhos era todos esboços daquele outro rosto. Agora ela não cantava mais, pois a unica voz que queria ouvir era a dele. E o vento não a fazia mais dançar, agora ela queria ter o dono da voz como par. As flores do seu jardim murcharam depois que ela esqueceu de cuida-las. E a beleza do céu, não era nada ao comparar com a beleza dele.
Tomou uma decisão. Precisava dele junto dela.
Numa tarde enquanto ele cantava as margens do oásis que os separavam, ela gritou. O convidou para habitar o mundo dela. E ele veio chamando-a de "Princesa". Agora esse era seu nome, Princesa. Ela descobriu então o amor. Emoção que antes nunca havia sentido. Sentimento entre tantos outros por ela desconhecido. Ele veio, mas não veio sozinho.Trouxe do mundo que vivia, as coisas ruins lá existentes. Veio trazendo junto as pessoas daquele outro mundo. E com as pessoas vieram também a hipocrisia, a maledicência, a inveja, o ódio e toda a sujeira daquele mundo sórdido que ele já estava acostumado. Desde então o mundo belo que pertencia apenas a Princesa, foi invadido com impurezas. E restou a ela apenas a tristeza e saudade de quando ali só existia ela. Então, fugiu deixando o amor que conheceu pra trás. Ele nem parecia ser daquele mundo de que venho, mas de qualquer forma o pertencia. E hoje, a Princesa vaga a procurar um novo reino onde possa sozinha reinar... Onde não exista ninguém além dela mesma, o céu, as flores e a paz da solidão. 

sábado, 16 de julho de 2011

Ela tem o coração de pedra ... valiosa

E mais uma vez ela volta a dar jus ao apelido que um dia lhe foi concedido      “Malvina coração de pedra”.


É íntima da solidão, e dificilmente à trai.


É raro aparecer um amor capaz de perfurar o seu coração e entrar. Quando esse acontecimento histórico acontece, ela sabe ser doce.Quando chega ao fim, ela volta ao seu sabor natural, cítrico. Nem doce nem amargo. O seu gosto é ácido. Poucos paladares sabem apreciar. O seu néctar é de laranja e o amor é apenas uma pitada de açúcar as vezes acrescentada.


Malvina é feliz com a sua acidez. Não vive só de amor. Não é de sentir ódio. Ela sabe do seu valor, reconhece e assume esse seu sabor.


Seu coração é de pedra, das mais valiosas. Ela carrega dentro do peito um Rubi. E sabe que nem todo mundo o merece. Para chegar há tal preciosidade é preciso muito fazer,muito provar, ou apenas amar de verdade. Quando equivocada, pois Malvina também se engana. Até pensou em entrega-lo há certos supostos merecedores. Mas por precaução sempre dava pequenas amostras. Sempre soube o quanto valioso era o seu coração. E nunca o colocou nas mãos de qualquer um, que com uma decepção possa quebra-lo, ou por descuido deixa-lo cair no chão. Por sabedoria, não sofre. Seu coração continua inteiro mesmo depois de algumas decepções. Mas o que elas quebraram foram as réplicas idênticas que representavam a jóia original. Seu coração ainda permanece intacto à espera de alguém que realmente prove que o mereça. E protegido cada vez mais contra os farsantes que pensam em furta-lo.


Malvina também chora. Mas quando chora não dedica suas lágrimas à ninguém. Ela chora por ela mesma. A dor, a emoção é de quem sente e não de quem causa. Então ela chora por ela mesma. E quando as lágrimas secam, sorri para o espelho. O seu sorriso mais bonito é esse. Quando ela sorri pra si mesma.


Então, se você não possui o tanto de açúcar necessário para adoçar o que é ácido. E não entende nada de gemologia para ser um perito em pedras preciosas sabendo valorizar o rubi que ela carrega no peito esquerdo. Não se engane, não se iluda achando que ela irá te amar. Porque Malvina é a personificação máxima de amor próprio. Ela se entende e se conhece muito bem a ponto de nessa crônica que aqui escrevo se colocar em terceira pessoa. Porque uma mulher de verdade não precisa ser doce o tempo todo e nem esperar que alguém a descreva. Ela mesma reconhece o seu sabor, e se dá o próprio valor.


E por ser assim por alguns foi chamada de Coração de pedra. Mas ela sabe o quão valiosa é a pedra que carrega no peito.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Onde estará Inácio?

Eu que de louca, tenho um pouco de mulher.
Fico maquiando a solidão. Escrevendo poemas para alguém que não existe. Me olhando no espelho e fazendo tipo. Conversando sozinha. Cantando na cozinha. E observando o comportamento das formigas.
Sinto saudades do meu cachorrinho já falecido.
Penso como seria bom ter um filho. E como seria difícil cria-lo sozinha.
Leio um livro de romance, em seguida pego no sono. Durmo e sonho com um desconhecido. Se o conheço tenho certeza que não é dessa vida.
No sonho ele me envolve nos braços, me deita no chão e sussurrando no meu ouvido diz:


"Casa comigo, que eu te dou um filho menino"


Eu olhava fundo naqueles olhos cor de amêndoas. Quando o telefone toca e me acorda do sonho. Numa tentativa inútil meu inconsciente tenta retardar o barulho que faz o maldito telefone interruptor de sonhos. Atendo, e como si não bastasse era engano.


- Por gentileza, o Inácio está?
- Não, ele não está porque aqui não mora nenhum Inácio.
- Então desculpe o incômodo, foi engano.


"Inácio , Inácio seja quem for,  foi cúmplice em atrapalhar meu sonho."


Ao repetir aquele nome sorri caindo em devaneio.
O homem, o telefonema, aquele nome. Será mesmo um simples engano?
Talvez não. Eu conheci Inácio, minutos antes do telefone tocar. Aquele homem, agora tinha um nome. Podem me chamar de insana, sei que sou. Sonhadora cafona, menina brincando de ser louca. Não me culpem, não tenho culpa de ter nascido sob lua pisciana. Deixe-me continuar sonhando...
Meu Inácio é moreno tem olhos cor de amêndoas, cabelos escuros e desalinhados. Carinhoso, de aspecto inteligente. Parece o homem perfeito para ser pai de um filho meu.
De repente a brincadeira tola perde a graça.


"Oh céus ! o que estou fazendo...além de enlouquecer."


Tudo não passou de um sonho sem sentido como todos os outros e um telefonema por engano.
O dia ainda tem que prosseguir e posso ouvir a realidade me gritando.
Isso tudo deve ser pelo cansaço, do dia ou da vida.
Preparo um café, enquanto elaboro teorias sobre destino, coincidências e espiritismo.
Volto a pensar em Inácio. Mas não o Inácio do sonho, mas sim o real. Um tal de Inácio que existe e não é fruto da minha imaginação.
Quem será esse homem?
Volto a me questionar se aquilo poderá ter sido um sinal. Sem saber que estava apelidando a solidão de semáforo.
Ora! Está na hora de acordar, aquilo não foi nada. Tenho que fixar minhas idéias na realidade. Preciso de mais café. Preciso que o dia acabe logo, preciso me esquecer do Inácio.

A sanidade, porta à fora

Olhando nos meus olhos, disse que não sente nada forte por mim. Tudo, passou a ser nada.
Sentimento, senti mesmo, hoje não sinto mais. Não me lembro ao certo as palavras, mas entendi o que elas significavam.

E eu,  o que eu sinto?
Vou dizer o que sinto.
Sinto na boca o gosto amargo do fim. Como um vinho tinto, deixando meus lábios rosados. Você deixou marcas em mim.
Sinto as lágrimas que nesse momento percorrem a minha face, borrando minha maquilagem.
Sinto que, essa parede xadrez cairá sob minha cabeça , e algum sacana gritará em seguida "xeque-mate"
Sinto que, sempre senti muito mais do que deveria sentir por ti.
Sinto-lhe aqui, ainda dentro de mim.
Eu sinto, mas quero deixar de sentir.
E sei que pouco lhe importa o que sinto ou deixo de sentir. O que quero ou deixo de querer.
Mesmo assim vou continuar dizendo...
Eu quero um anestésico, que me impeça me sentir algo por você. 
Quero uma dose de amnésia, pra nem se quer lembrar o seu nome, quanto mais a sua existência e a importância dela na minha vida.
Quero arrancar esse amor de dentro do meu peito. Quero que as lágrimas que choro deixem de ser apenas lágrimas. Quero que essas lágrimas sejam o amor,  saindo pelos meus olhos. E que ele acabe assim que elas secarem.
Quero os meus discos, meus livros que você levou pensando que eram seus. Só não peço para devolver o amor que lhe dei, porque esse eu sei, você jogou pela janela depois que não lhe serviu mais. Você mesmo o destruiu.
E a cima de tudo...
Quero minha sanidade de volta. Já que desde o momento que você foi embora, não fiz outra coisa, a não ser enlouquecer.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Como é que se diz Adeus?

Ando me sentindo sozinha. E estou aprendendo a gostar disso.
Me acostumei com a tua ausência. Descobri que ela não é tão ruim assim. 
Não fico mais ansiosa esperando o telefone tocar. Ouvir sua voz, virou banalidade.
Já não me interessa saber como foi o seu dia, ou o que vai fazer no domingo.
Nem fico me perguntando onde estará agora, enquanto escrevo displicentemente sobre você. Suponho que deve estar por aí com seus amigos. Aqueles hipócritas que me odeiam. Os meus inimigos, seus amigos. E entre um gole e outro de álcool, pode ser que cite o meu nome. E um dos babacas que te acompanham de forma irônica perguntará como estou, como estamos. Sem pensar você responderá que estou bem, que estamos bem. Sem entrar em detalhes. Sem perceber que contou uma mentira. Mentiu não só pra eles, mas também pra si mesmo. Nada entre nós está bem, e você está bebado demais para perceber. Estamos adiando o fim dessa relação falida. Estamos caminhando lentamente, rumo ao fim. E nesse caminho não estamos de mãos dadas.
Uma coisa não entendo. O que te faz me telefonar? Você perde o seu tempo me fazendo uma breve ligação todos os dias. Me ligar todos os dias, esse foi o prometido. As vezes liga quando já estou dormindo. Um dia ainda a de esquecer. E pode ser que eu nem perceba.
Não existe mais saudade, eu não sinto sua falta e você não faz questão de estar presente.
Acho que esquecemos, como é mesmo que se diz adeus?
O certo seria nos despedirmos de uma vez. Mas já não sei se pra isso acontecer o que falta é oportunidade ou coragem. Ou ambas.
Antes de qualquer atitude bem pensada ou não. Quero te olhar nos olhos. Foi assim que tudo começou. Olhando nos olhos. É assim que deve terminar. 
Será que ainda existe amor por de trás dos seus olhos, quando me olhas ?
Seus lábios realmente querem beijar os meus, ou isso virou apenas um cumprimento? O que sentes quando me abraça?
Não posso negar, que ainda resta em mim uma tola esperança. Quem sabe nem tudo está perdido. Se até as pessoas que estão inkoma, possuem chances de um dia acordar. O nosso amor também terá. Mais uma chance. Entre tantas que já demos, nessa procrastinação que vivemos. O fim vamos deixar pra mais tarde. Outro dia. Um dia que teremos oportunidade e coragem. Agora está tarde, irei dormir. Prometo acordar quando o telefone tocar. E quando me perguntar se estou bem, com a voz sonolenta irei mentir que sim, estou bem. Boa noite.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Essa é você, amanhã.

Fundamental é mesmo o amor. É impossível ser feliz sozinho.
Pela primeira vez você deu ouvidos ao que dizia a canção. Tirou as vendas da solidão que cobriam os teus olhos, e assim passou a enxergar um amor alí, outro lá.
Conhece um cara interessante. Um jovem músico de gosto musical igual ao teu. Conversa vai, conversa vem, e vocês dois concordam com tudo que o outro diz. Repetem várias vezes "Eu também".
Você começa a pensar que encontrou o cara perfeito. Porém um pequeno detalhe não lhe agrada.
Ele é de peixes! 
"Espero que esse pisciano seja diferente dos complexos que conheço".
Quase um mês saindo juntos, ele te pede em namoro. Vocês namoram, por apenas três dias. Ele se mostra como os outros piscianos. Cheio de crises do tipo "Não sei o que quero" "Não sei quem sou". Numa dessas, ele termina com você. Dizendo que precisa de um tempo pra ele mesmo. Você reage surpreendentemente bem, pois quando ele disse que queria terminar, você disse "Eu também".
Você pensou que havia se livrado de uma. Quando ás 2:15 da madrugada seu telefone toca. Era o pisciano, dessa vez bêbado. Estava cansado dele mesmo. Você pensa em manda-lo para aquele lugar. Mas invés disso, com toda educação manda ele ir dormir e nunca mais te ligar.
Volta pra cama jurando nunca mais se envolver com piscianos.
A busca pelo amor ainda continua.E que tal um amor requentado?
De repente fica interessada em saber por onde anda os amores do passado. Pesquisa na internet. Descobre que um virou padre,outro está casado, um mudou de sexo e hoje atende pelo nome de "Ashlee". Realmente o músico pisciano é perfeito se for comparar com os anteriores.
E você até sente falta de ouvir o telefone tocando de madrugada. Mas logo se lembra que ele é um babaca, um babaca interessante, talentoso e de bom gosto, mas não deixa de ser um babaca.
Então volta a pensar apenas em si mesma. Essa é você, egoísta, egocêntrica, sozinha, infeliz. Essa é você, considerada pela sociedade uma mulher independente. Pelos familiares, a encalhada. Essa é você, indo sozinha ao cinema, teatro, eventos sociais, bancando a bláse. E em casa bebendo uísque em frente a tv, enquanto chora compulssivamente.
Resolve sair de férias. Não só do trabalho. Mas, de tudo e todos incluindo você mesma.
Sai de São Paulo e passa duas semanas no Rio de Janeiro. Vai disfarçada de outra mulher.
Deixa em casa as roupas sociais, o salto alto, a maquiagem carregada. E anda pelas areias da praia, de cara limpa, vestido florido, chinelo havainas. Sente-se livre,e nem se importa de estar sozinha em um lugar tão lindo. Sorri para desconhecidos, é simpática com os funcionários do hotel, e adora ouvir o sutaque dos cariocas. Vai á um show de jazz e se encanta pelo saxofonista. Que no fim do show é aplaudido pelo namorado tão lindo quanto ele. Antes de ir para o hotel, se despede do mar. Sapatos na mão, pés descalços, praia deserta. Olhando para o mar, que agora parece mais escuro refletindo o céu negro estrelado. Pensa que poderia encontrar um amor alí naquela praia, naquela noite, naquele instante. Mas logo se lembra que cenas como esta, só acontecem em filmes e novelas. Você é só uma paulista no seu ultimo dia de férias. Amanhã volta pra casa, pro trabalho, pro caos. Volta renovada. Pele bronzeada, alma purificada, trazendo no olhar o mar negro estrelado.
Chegando em casa, tudo está como havia deixado. A casa ainda cheira solidão. E dessa vez isso não te incomoda. Pois está em paz e contente consigo mesma. E o que você mais quer é permanecer assim antes que outro estranho apareça e interrompa a sua solidão. Aí tudo muda outra vez. Mas por enquanto essa é você, numa sexta feira a noite ouvindo bossa nova e sorrindo sozinha enquanto pinta as unhas de vermelho.