terça-feira, 16 de agosto de 2011

Você passou por mim

Hoje em uma de suas mãos você usa uma aliança. Enquanto eu coleciono anéis baratos comprados numa banca de camelô qualquer.
Você planeja aumentar a sua empresa. Enquanto eu, procuro alguém que me empreste dinheiro.
Um de seus carros está na oficina para uma revisão. E eu esperando um ônibus que está meia hora atrasado.
Hoje nos esbarramos naquela rua movimentada da cidade.Você estava de terno e gravata carregando uma maleta de empresário. E eu com uma mochila velha nas costas e salto quebrado.
Quando nossos ombros sem querer se encostaram, nossos olhos se encontraram.
Te reconheci pelos olhos.Anos e anos se passaram e os teus olhos continuam os mesmos olhos azuis esverdeados.Só que dessa vez, neles não havia brilho.
Foi rápido demais, intenso demais.Foi apenas um olhar, um reconhecimento calado.
Naquele momento em minha mente houve um flash-back de recordações.
Mergulhei nos teus olhos e me afoguei em lembranças.
Pude ver nos dois quando criança. Andávamos de mãos dadas pelo parque, você dizia “Eu vou te amar pra sempre” e eu inocente e apaixonada perguntava “Até quando nos ficarmos velhinhos ?” e você “Sim, até quando ficarmos velhinhos ... até para sempre.”
Foi preciso o tempo passar, para me mostrar que as tuas promessas eram de brincadeira.Uma brincadeira que eu não soube brincar.Naquele tempo eu já sabia amar como gente grande, coitada de mim por ter sido assim.Quando você foi embora, eu sofri.Chorei com lágrimas de mulher, apesar de ainda ser uma criança.Talvez seja por isso, que até hoje não me esqueço.Quando eu dizia que te amava, eu não estava brincando.
E agora, não sei porquê o destino nos colocou numa mesma calçada.Mas o seu olhar foi vago, eu era uma desconhecida.Hoje o meu rosto pra você não tinha um nome.Mas um dia, me chamou de amor.Meu primeiro amor.

Enquanto você entrava no seu carro. Eu continuei andando e olhando pra trás, olhando pra você, olhando para o passado, ambos não voltam mais.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Minha tempestade particular

Hoje eu decidi abrir a janela em meio à essa tempestade .
Que as nuvens angustiadas derramem suas lágrimas sobre mim.
Que o vento violento em seu surto de revolta, entre devastando tudo ao meu redor.Quero que esse céu negro se hospede aqui no meu quarto.Eu mereço essa tempestade, mais do que ninguém.Hoje eu mereço uma tempestade.Raios, trovões, relâmpagos venham me visitar .

Só por hoje, não me contento em ver o vento ameaçando derrubar as árvores.Os pingos de chuva formando possas no asfalto.Assistir não é o bastante, eu quero viver.Eu quero algo mais intimo e particular, eu quero dizer “A chuva veio me visitar”.

Destrua o que puder, faça a sua bagunça .Entre amiga, eu lhe compreendo.Eu também estou assim, querendo desabafar.Então derrame suas lágrimas, grite, faça sua birra de menina revoltada.Mostre toda a sua fúria e vá embora apenas quando se acalmar.Afinal o sol sempre volta, não é mesmo?

E quando ele chegar, dê pra ele um arco-íris.Ouvi dizer que a ordem é essa.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

E ele veio trazendo para a minha vida uma nova cor...


E o que antecedeu o beijo, foi a palavra "vermelho".Sua cor favorita sendo pronunciada no meu sotaque.
Ele falou - Repete "vermelho"
Eu - Veremelho.
E num ato espontâneo, me beijou. E não se ouviu mais nenhum som, além do barulho ritmado dos nossos beijos.
Se eu pudesse ler o que se passa em sua mente, enquanto os teus lábios me beijavam.
E se ele pudesse ler os meus pensamentos, me pediria em casamento no mesmo momento.
Me abraça, eu esperei por isso a noite inteira, me abraça e me beija.
Ele sussurrou no meu ouvido Colombina.E eu pude reconhecer, sim eu estava diante do verdadeiro Pierrot.
E é por você Pierrot que eu abro mão da minha solidão. Agora estou em tuas mãos.Te dou a mão, vamos andar de mãos dadas pelas ruas dessa cidade. Antes mesmo que você me peça, eu digo " Sim " te dou minha mão,vamos nos casar na praia ou em qualquer outro lugar. Sim, eu aceito.Me leve com você, me diga qualquer clichê.Me faça sorrir, me deixe vermelha, me peça todos os dias para repetir vermelho.Me beije.
Nem toda Colombina precisa de um Arlequim.Vamos dar uma nova versão para essa história.Escreveremos uma nova história, e essa será feliz, será só nossa.
Hoje eu não busco mais inspiração em histórias das quais não faço parte.Nada mais é ficção.Nada mais é por acaso.Você faz parte da minha realidade, a mais doce e embriagante realidade.Posso fechar os meus olhos e te enxergar,recordar, senti-lo. Ao morder os lábios na tentativa de ainda encontrar algum vestígio dos teus beijos.Quem sabe sentir novamente o teu gosto. Agora temos algo pra recordar.Eu tenho uma razão pra ficar ansiosa esperando o amanhã.Vamos fazer qualquer coisa juntos, as mesmas coisas talvez.Ver um filme, assistir um dvd do Arnaldo Antunes. Nem que seja pra falarmos de como está o tempo, nem que seja apenas pra olharmos nos olhos.Vamos de novo ficar nos olhando, e dizer que isso é muito estranho.
 É estranho né ? - Mas é tão bom !


E da janela do ônibus ele acenou me mandando um beijo.E eu sorri como nunca havia sorrido antes.Agora enquanto existir a cor Vermelha, eu pensarei nele.Agora tudo que eu escrever sorrindo,escrevo pra ele.
E tudo isso Pierrot, é só pra lhe dizer - Veremelho

domingo, 7 de agosto de 2011

A dança, um par, três sorrisos sacanas.

A lua no céu nos dava um sorriso sacana.
Enquanto andávamos de mãos dadas à procura de um lugar escuro, seguro.
Para dançarmos tango ou outra dança que sabemos a coreografia de cor e salteado.
Tudo menos sapateado.Quero o seu corpo junto ao meu, senão não danço.
Quero seu corpo junto ao meu na cama, senão não durmo.
Então antes que o sol apareça e o sono cubra os nossos olhos.Me tire pra dançar.
Vamos dançar até nossos corpos implorarem por descanso.
E quando isso acontecer, quero descansar nos teus braços.
Quero minhas pernas cansadas entrelaçadas com as tuas.
Quero me despedir da lua e dar bom dia para o sol, tendo você como par.
Então amor antes de tudo, vamos dançar.
Antes de tudo, me ame.
Que só assim eu lhe concedo essa dança, uma transa, um romance.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Naquela noite houve lágrimas, chuva e o som do telefone tocando

Eu estava tentando ler um livro, não consegui me concentrar.Meus olhos não fixavam nas palavras e o barulho da chuva ganhava a minha atenção.
Não,isso que eu acabei de contar não é a verdade.Minto pra mim e falo para os outros.
A verdade é que,eu não consigo parar de pensar nele.E dessa vez não penso com um sorriso bobo nos lábios.E sim com tristeza transbordando dos meus olhos.Tento conter as lágrimas enxugando-as.Mas uma voz interna diz
" Chore,não precisa ter vergonha.Ninguém está te vendo.Ele não pode ver tuas lágrimas nesse momento.Chore deixe essa dor sair de dentro de você e percorrer sua face ".
Eu, então choro.
Lágrimas escorriam dos meus olhos enquanto eles olhavam mais uma vez para o telefone que não toca.
Ele não vai ligar.Não vai voltar.E não me fará parar de chorar.
Vou ter que me acostumar em gritar o teu nome, e como resposta ouvir apenas o eco da minha voz em meio essa solidão.
Tento escrever pra ver se consigo me perder entre as palavras e esquecer dessa dor que me invade.Tentativa essa fracassada, pois derramei lágrimas em cima das palavras.É isso que restou do nosso amor.A sua indiferença.O meu sofrimento.E essas palavras manchadas de lágrimas.
Me sinto tola sendo tão piegas.Mas pensando bem, sempre fui assim.Sempre amei e sofri com a mesma intensidade.Exagerada.
Passando para o feminino as palavras do eterno Cazuza " Exagerada jogada ao seus pés eu sou mesmo exagerada ".
Mas o amor é assim mesmo.Tem que acabar do mesmo jeito que começou.Rasgando o peito, te fazendo tremer, abalando sua lucidez.
Nesse negócio chamado amor, somo todos "amadores". Quem se diz profissional com certeza não sabe o que está dizendo.


Sem que eu perceba, paro de chorar.Talvez tenha acabado com o meu estoque de lágrimas.Ou então é minha sanidade voltando.É o telefone tocando.E a esperança de ser ele.É a vontade de ouvir novamente a sua voz dizendo que me ama, que sente saudades.Pouco me importa que peça perdão.Eu já o perdoei no momento em que me trai.
Mas aquela tal voz interna novamente se manisfesta dessa vez gritando 
" Não,não atenda a droga do telefone ! "
E eu fico indecisa.
A quem obedeço, a voz da razão ou o escândalo que faz meu coração ?
Uma delas vence.Não atendo o telefone.Fui tomada pelo orgulho mais uma vez.
Mas penso, será que ele sabe que eu não sinto orgulho de mim mesma, por ser assim sempre tão orgulhosa ?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Bastidores de uma colecionadora de fracassos

Entre jóias,flores e uma garrafa de vodca, 
ela prefere seus próprios deletérios.
Entre as cores,os amores, ela prefere a escuridão.
Toma suas dores bebendo suas lágrimas frigidas,
fumando maços e maços de cigarro 
até a alma ficar cinza,como a vista que se vê da sua janela.
Na sua parede não possui quadros,em sua estante não há nenhum porta-retrato.Não tem guardada nenhuma medalha nem troféu nem carta de namorado.
Nunca colecionou nada, há não ser fracassos.
Se conforma, se acomoda, se acostuma cada vez mais com o seu titulo conquistado "Colecionadora de fracassos"
Conversa com o espelho enquanto se máquia.Não vai a lugar algum, mesmo assim gosta de manter o rosto pintado.A maquilagem é sua máscara,a casa é o seu palco e a solidão sua peça de teatro ensaiada,encenada e sem aplausos.
Ostenta manias rotineiras e banais como todo ser humano.É louca ao pensar que é tão normal quanto os outros insanos que vê na televisão.Liga pra fulano dizendo que foi engano.Engano dele se pensar que é verdade.Ligou porque sentiu saudades.Não dele,e sim de ouvir uma outra voz que não seja a da sua consciência.Essa sim pesa,grita até ficar rouca, até enlouquece-la fazendo com que ela pegue o telefone e faça um interurbano para conversar com um conhecido meio estranho que não vê há tempos.Ele se lembra dela e em seguida desliga o telefone.
De imediato se sente um pouco rejeitada,mas logo se mostra já acostumada.É só mais um fracasso entre outros para a sua coleção.
Mas nem tudo é lágrima, ainda resta alguns cigarros à espera de um trago.Uma janela aberta para observar o caos da cidade e as pessoas andando pelas calçadas carregando nas costas uma porção de fracassos.Ela não é a unica colecionadora de fracassos.E acredita que um dia à de vir uma conquista para essa artista de rosto pintado,que faz do seu cotidiano um espetáculo tão particular que não necessita de aplausos.A verdadeira arte está por de trás das cortinas fechadas.