domingo, 17 de julho de 2011

O reino encantado da solidão

No seu mundo particular, ela pintava e bordava as nuancias da vida.Tudo era tão seu. Aquele mundo pertencia a ela e a mais ninguém. Era feliz. Pois só conhecia aquilo que vivia. Era sozinha e não se dava conta. Porque pra ela, não existia mais ninguém. E você deve estar pensando "como pode alguém viver bem em um mundo tão vazio?" O mundo dela não era vazio. Era cheio de paz, não existia maldade e nenhuma tristeza.Tudo era belo e único. Passava o seu tempo, desenhando seus sonhos, cantando suas músicas, dançando com o vento ao rodar seu vestido florido, iguais as flores que possuia em seu jardim, cuja beleza fazia brilhar os olhos. Gostava do céu e as suas oscilações de cores. Das estrelas e suas diversidades de tamanho. Do brilho sutil e inofensivo da lua e da rebeldia do sol numa tarde de calor. O nome dela? Nossa personagem não tem nome. Nunca precisou de um, não havia ninguém para chama-la. Até que um dia quando estava sorrindo distraída, escutou uma música. Se assustou, pois aquela voz não era dela. Chegou a pensar que estava enlouquecendo, ao ouvir aquele canto que não era seu. Passou a procurar pela música, aquela voz. Então ela o viu. Estava do outro lado, em um mundo paralelo ao dela. Foi assim que ela descobriu que não era unica. Existia alguém bem próximo dali. Ela o desejou, teve sensações que jamais havia sentido antes. De repente o mundo que ela tanto adorava, já não tinha mais graça. Pareceu insosso. Até seus sonhos mudaram e seus desenhos era todos esboços daquele outro rosto. Agora ela não cantava mais, pois a unica voz que queria ouvir era a dele. E o vento não a fazia mais dançar, agora ela queria ter o dono da voz como par. As flores do seu jardim murcharam depois que ela esqueceu de cuida-las. E a beleza do céu, não era nada ao comparar com a beleza dele.
Tomou uma decisão. Precisava dele junto dela.
Numa tarde enquanto ele cantava as margens do oásis que os separavam, ela gritou. O convidou para habitar o mundo dela. E ele veio chamando-a de "Princesa". Agora esse era seu nome, Princesa. Ela descobriu então o amor. Emoção que antes nunca havia sentido. Sentimento entre tantos outros por ela desconhecido. Ele veio, mas não veio sozinho.Trouxe do mundo que vivia, as coisas ruins lá existentes. Veio trazendo junto as pessoas daquele outro mundo. E com as pessoas vieram também a hipocrisia, a maledicência, a inveja, o ódio e toda a sujeira daquele mundo sórdido que ele já estava acostumado. Desde então o mundo belo que pertencia apenas a Princesa, foi invadido com impurezas. E restou a ela apenas a tristeza e saudade de quando ali só existia ela. Então, fugiu deixando o amor que conheceu pra trás. Ele nem parecia ser daquele mundo de que venho, mas de qualquer forma o pertencia. E hoje, a Princesa vaga a procurar um novo reino onde possa sozinha reinar... Onde não exista ninguém além dela mesma, o céu, as flores e a paz da solidão. 

Um comentário:

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