terça-feira, 12 de julho de 2011

Essa é você, amanhã.

Fundamental é mesmo o amor. É impossível ser feliz sozinho.
Pela primeira vez você deu ouvidos ao que dizia a canção. Tirou as vendas da solidão que cobriam os teus olhos, e assim passou a enxergar um amor alí, outro lá.
Conhece um cara interessante. Um jovem músico de gosto musical igual ao teu. Conversa vai, conversa vem, e vocês dois concordam com tudo que o outro diz. Repetem várias vezes "Eu também".
Você começa a pensar que encontrou o cara perfeito. Porém um pequeno detalhe não lhe agrada.
Ele é de peixes! 
"Espero que esse pisciano seja diferente dos complexos que conheço".
Quase um mês saindo juntos, ele te pede em namoro. Vocês namoram, por apenas três dias. Ele se mostra como os outros piscianos. Cheio de crises do tipo "Não sei o que quero" "Não sei quem sou". Numa dessas, ele termina com você. Dizendo que precisa de um tempo pra ele mesmo. Você reage surpreendentemente bem, pois quando ele disse que queria terminar, você disse "Eu também".
Você pensou que havia se livrado de uma. Quando ás 2:15 da madrugada seu telefone toca. Era o pisciano, dessa vez bêbado. Estava cansado dele mesmo. Você pensa em manda-lo para aquele lugar. Mas invés disso, com toda educação manda ele ir dormir e nunca mais te ligar.
Volta pra cama jurando nunca mais se envolver com piscianos.
A busca pelo amor ainda continua.E que tal um amor requentado?
De repente fica interessada em saber por onde anda os amores do passado. Pesquisa na internet. Descobre que um virou padre,outro está casado, um mudou de sexo e hoje atende pelo nome de "Ashlee". Realmente o músico pisciano é perfeito se for comparar com os anteriores.
E você até sente falta de ouvir o telefone tocando de madrugada. Mas logo se lembra que ele é um babaca, um babaca interessante, talentoso e de bom gosto, mas não deixa de ser um babaca.
Então volta a pensar apenas em si mesma. Essa é você, egoísta, egocêntrica, sozinha, infeliz. Essa é você, considerada pela sociedade uma mulher independente. Pelos familiares, a encalhada. Essa é você, indo sozinha ao cinema, teatro, eventos sociais, bancando a bláse. E em casa bebendo uísque em frente a tv, enquanto chora compulssivamente.
Resolve sair de férias. Não só do trabalho. Mas, de tudo e todos incluindo você mesma.
Sai de São Paulo e passa duas semanas no Rio de Janeiro. Vai disfarçada de outra mulher.
Deixa em casa as roupas sociais, o salto alto, a maquiagem carregada. E anda pelas areias da praia, de cara limpa, vestido florido, chinelo havainas. Sente-se livre,e nem se importa de estar sozinha em um lugar tão lindo. Sorri para desconhecidos, é simpática com os funcionários do hotel, e adora ouvir o sutaque dos cariocas. Vai á um show de jazz e se encanta pelo saxofonista. Que no fim do show é aplaudido pelo namorado tão lindo quanto ele. Antes de ir para o hotel, se despede do mar. Sapatos na mão, pés descalços, praia deserta. Olhando para o mar, que agora parece mais escuro refletindo o céu negro estrelado. Pensa que poderia encontrar um amor alí naquela praia, naquela noite, naquele instante. Mas logo se lembra que cenas como esta, só acontecem em filmes e novelas. Você é só uma paulista no seu ultimo dia de férias. Amanhã volta pra casa, pro trabalho, pro caos. Volta renovada. Pele bronzeada, alma purificada, trazendo no olhar o mar negro estrelado.
Chegando em casa, tudo está como havia deixado. A casa ainda cheira solidão. E dessa vez isso não te incomoda. Pois está em paz e contente consigo mesma. E o que você mais quer é permanecer assim antes que outro estranho apareça e interrompa a sua solidão. Aí tudo muda outra vez. Mas por enquanto essa é você, numa sexta feira a noite ouvindo bossa nova e sorrindo sozinha enquanto pinta as unhas de vermelho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sinta-se a vontade para sorrir ou fazer criticas. Agradeço (: